quinta-feira, 16 de abril de 2009

Neuroplasticidade (parte I)

Neuroplasticidade
Introdução:

A manutenção do equilíbrio do sistema nervoso depende da relação estabelecida entre as células que o compõe e de sua capacidade de adaptação as diferentes condições estimuladoras durante o processo de aprendizagem, após lesões, ou ainda, após doenças degenerativas.

Definição:

A neuroplasticidade refere-se à capacidade do sistema nervoso de alterar algumas das propriedades morfológicas e funcionais em resposta a alterações do ambiente, ou seja, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso frente as alterações.
Durante muito tempo considerou-se que apenas o sistema nervoso imaturo ou em desenvolvimento era capaz de receber influências externas que permitissem uma reorganização estrutural. Atualmente este conceito vem sendo gradativamente mudado através de diversos experimentos e observações, que têm demonstrado um potencial neuronal de regeneração antes não imaginado.

Estágio I
Desenvolvimento, períodos críticos e a emergência do comportamento

A sequência de eventos que leva uma célula indiferenciada a se transformar em um neurônio incluem a determinação( separação de um grupo de células que vai se expressar geneticamente como neurônios e sua disposição em regiões especíificas do embrião) e diferenciação( engloba a proliferação e a formação de neurônios de certa linha, sua migração para os locais adequados e desenvolvimento de suas interconexões específicas). Cada evento desencadeia uma sequência de outros eventos, e assim sucessivamente em uma cadeia interdependente. O último estágio desse processo, a formação entre as interconexões dos neurônios, inicia-se no período embrionário, porém só vai se completar na fase pós-embrionária, através da influência adequada de fatores ambientais, nesse, o aprendizado e a experiência possuem papéis cruciais pois passarão a integrar as regiões cerebrais e promover alterações celulares.
Também nessa última fase temos os chamados períodos críticos, em que a criança será exposta a determinados fatores ambientais a fim de permitir o adequado desenvolvimento de suas habilidades perceptuais, cognitivas e sociais, permitindo que o SN complete sua maturação.

Estágio II
SN e aprendizagem - Natureza da aprendizagem

As neurociências vem buscando conhecer os processos de organização da experiência e o modo pelo qual ela é retida e transformada.
Os estudos sobre aprendizagem consideram dois tipos de paradigma: associacionista e não-associacionista. O paradigma não-associacionista diz respeito a aprendizagem de dados elementares não envolvendo o estabelecimento de relações. Refere-se a tarefas repetitivas, que muitas vezes são básicas para a aprendizagem de outras mais complexas. As formas mais comuns de não-associacionista são a habituação( é uma diminuição da resposta comportamental a um estímulo repetitivo; ex: não se assustar com rojões durante uma partida de futebol) e sensibilização( aumento da resposta reflexa após um estímulo;ex: no caso de dor, um animal responderá mais vigorosamente a um estímulo tátil).
Já o paradigma associacionista prevê o estabelecimento de relações entre os estímulos. É o condicionamento clássico, onde se torna possível estabelecer uma relação entre determinados eventos do meio ambiente, enfatizando-se assim que o aprendizado envolve associação de idéias. Por exemplo, se uma luz for acesa sempre ao oferecimento de carne ao cão, depois de algumas repetições, este passará a representar as respostas fisiológicas(salivação) sempre que a luz for acesa, mesmo antes de receber a carne.
Quanto ao refinamento de habilidades estudos mostram que a melhora de desempenho obtida pelo treino e repetição provoca modificações no substrato neural: " O ganho na performance reflete e é auxiliado por uma mudança no processo neural, que é obtido pela prática".
Temos na verdade dois tipos de memória, a processual ou procedimental e a declarativa.
A processual responde pelo arquivo relacionado ao "como fazer", tendo como resultado, o aprendizado que ocorre durante a realização. Essa é mais dependente dos indicadores específicos da situação de treino e, portanto, mais lento, requerendo repetições.
A declarativa dá conta do "o que fazer", tendo como resultado o aprendizado de fatos e eventos. Essa responde por um sistema de conhecimento mais flexível. que pode mais facilmente ser generalizado e aplicado a novas situações; esse conhecimento é adquirido rapidamente após a exposição a um único evento.

Estágio III
A condição de lesão neuronal e sua repercussão clínica: os estágios de recuperação

Antes de citarmos as principais fases da recuperação da lesão, do ponto de vista da plasticidade, temos que saber que outras modificações também ocorrem no SN e são classificadas como plasticidade:
- Habituação
- Aprendizado e memória
- Estágios de recuperação

Habituação

É a forma mais simples de neuroplasticidade.
Quando temos intervalos de repouso entre alguma estimulação(ex: agulha na pele), os efeitos da habituação à esses estímulos não está mais presentes e um reflexo qualquer pode ser provocado em resposta à estimulação sensorial. Todavia com repetição prolongada da estimulação, ocorrem alterações estruturais mais permanentes e o número de conexões sinápticas cai, habituando essa pessoa ao estímulo dado.
È um termo muito usado na Fisioterapia visando diminuir a resposta neural a um estímulo.

Um comentário:

  1. Olá Daniel.
    Gostei bastante do Blog. Sou acadêmica de Fisioterapia e gostaria de saber se haveria como me fornecer as fontes para esta postagem...

    Agradecida.

    ResponderExcluir

O site da Fisioterapia em Manaus

Vídeo da clínica de reabilitação funcional de manaus