quinta-feira, 7 de julho de 2016

O USO DO THRESHOLD UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO.

Autor: Daniel Xavier
@intensivistaxavier

       Os incentivadores respiratórios são exercitadores que tem como objetivo reexpansão pulmonar, aumento da permeabilidade das vias aéreas e fortalecimento dos músculos respiratórios. Esses exercitadores ou incentivadores respiratórios são recursos mecânicos da fisioterapia respiratória, normalmente destinados a auxiliar o desempenho muscular respiratório e a eficiência do trabalho mecânico da ventilação pulmonar, proporcionando aumento da oxigenação arterial (COSTA, 1999).


      Normalmente, esses incentivadores respiratórios caracterizam-se por serem equipamentos portáteis, em geral de plástico ou material semelhante, e de baixo custo. São de fácil manuseio, descartáveis, e podem ser utilizados tanto em adultos como em crianças. Todos os incentivadores respiratórios fundamentam-se no oferecimento de uma resistência (carga) a respiração espontânea do paciente. Essa resistência pode ser exercida por uma carga pressórica alinear ou por carga pressórica linear (MARINI, 2004).
       Provavelmente, é a estratégia mais utilizada para treinar músculos inspiratórios, devido ao fato de ser realizada com carga linear que se mantém constante, independentemente do fluxo gerado pelo paciente. Além disso, o aparelho disponível para este tipo de treinamento (Threshold®– Health – Scan Products, Inc) apresenta baixo custo e facilita sua utilização. Neste aparelho, a sobrecarga é do tipo spring-load (mola), que impõe uma carga de trabalho aos músculos inspiratórios mensurada em centímetros de água. O threshold® é um cilindro de plástico (1,5 cm de diâmetro interno) que possui uma válvula com regulador de pressão interna, controlada pela tensão da mola. O indivíduo deve inspirar através do bocal com utilização de clipe nasal e gerar uma pressão subatmosférica capaz de abrir a válvula. Quando a pressão gerada for maior que a exercida pela mola, o ar inspirado entra através do aparelho. A sobrecarga é aumentada com o aumento de resistência da mola (BRITTO, BRANT & PARREIRA 2009).
       Ainda Citando Britto, Brant e Parreira (2009), o threshold® teve sua validade testada nos estudos de Johnson e Gosselink, sendo muito utilizado no treinamento da musculatura respiratória de pacientes com DPOC. Para ganho de força a maioria dos estudos científicos descreve esse treinamento sendo realizado de três a sete vezes por semana, com duração de 10 a 30 minutos (uma ou duas vezes ao dia) e intensidade de 30 a 70% da Pimáx e Pemáx. Os resultados são observados entre 5 e 12 semanas. 
       Não existem evidências que apontam o treinamento resistivo ou linear como método de escolha. O resistivo tem a desvantagem de ser fluxo-dependente e o linear necessita da geração da pressão adequada antes que o fluxo ocorra. O treinamento linear, além de ser fluxo-independente, possibilita uma melhor relação de tempo inspiratório e expiratório, pois o aumento da velocidade de contração muscular inspiratória necessária para superar a carga imposta leva a uma diminuição do tempo inspiratório e, consequentemente, a um aumento do tempo expiratório (Tempo de relaxamento da musculatura inspiratória) (BRITTO, BRANT & PARREIRA 2009).
O valor da resistência aplicada é determinado pela analise da força muscular inspiratória, por meio do manovacuômetro que é um instrumento para mensuração das pressões respiratórias máximas, ele avalia a força dos músculos respiratórios por meio da PiMáx  (Pressão Inspiratória Máxima) e PeMáx (Pressão Expiratória Máxima). São feitas três mensurações tanto para inpiraçao quanto para a expiração. Após essas mensurações, observamos o valor maior dentre as três, e o utilizamos para se determinar a carga necessária que vai ser colocada no Threshold (COSTA,2009; SARMENTO, 2009).
Ao realizar a manovacuometria, são realizadas 3 (três) repetições em cada variável do teste onde as 3 devem ser aceitáveis (sem vazamentos). O valor da PImáx é expresso em centímetro de água (cmH2O), precedido por um sinal negativo e o valor da PEmáx da mesma maneira, porém procedido por um sinal positivo. (MOTTER,2011).
O valor normal da PImax em um adulto é de –90 a –120cmH2O e da PEmax é de + 100 a +150cmH2O em ambos os sexos, após 20 anos de idade, ocorre um decréscimo anual de 0,5 cmH2O (AULER, 2000).

Fraqueza muscular respiratória: PImax= -70 a – 45 cmH2O.
Fadiga muscular respiratória:     PImax = -40 a – 25 cmH2O.
Falência muscular respiratória:   PImax= < 20 cmH2O.

O treinamento da musculatura respiratória tem como função habilitar músculos específicos a realizarem com maior facilidade a função para qual são destinados, objetivando tanto força muscular quanto endurance (COSTA,2009; SARMENTO, 2009).
Durante o Treinamento dos músculos ventilatórios, inicia-se com uma carga de 40 a 60% da PImax se o objetivo for endurance, utilizam-se cargas menores com numero de repetições maiores, e se for ganho de força utiliza-se cargas maiores com repetições menores (COSTA,2009; SARMENTO, 2009).
O treinamento inclui de duas a três sessões por dia. As sessões podem ser realizadas por séries (10 repetições) ou por tempo. Utilizando uma porcentagem da PImax obtida, sendo que a carga de trabalho será ajustada na mola do threshold e as séries devem ser intercaladas com um período de um minuto de descanso no ventilador. (TADINE, 2010).
       Segue abaixo o protocolo de treinamento da musculatura ventilatória proposta e aplicada aos pacientes internados da UTI do Fcecon. Cabe ressaltar que antes da aplicação de forma discriminada, se faz necessária a triagem dos pacientes elegíveis ao tratamento supracitado (favor solicitar pelo insta:@intensivistaxavier)


Autor: Daniel Xavier
@intensivistaxavier

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