sábado, 21 de março de 2009

O contexto da fisioterapia em manaus(parte II)

Continuando a discorrer sobre o contexto da fisioterapia em Manaus discutido na parte I deste ensaio, trago alguns dados atuais para embasar nossas discussões.
Em recente publicação da Revista FisioBrasil (Ano 12, Edição n 90 de Agosto de 2008.Páginas 32-35), sobre uma pesquisa do perfil do fisioterapeuta brasileiro, trago alguns dados preocupantes e relevantes para ilustrar o que está acontecendo com a fisioterapia atualmente.
No que se refere à concentração de profissionais por regiões, notamos que nesta pesquisa, 5% dos fisioterapeutas do Brasil estão lotados na região Norte (Gráfico1). Ora, torna-se claro que o campo de trabalho em Manaus é amplo e convidativo. Pelas suas particularidades como a presença de um centro industrial consistente como o distrito industrial, a fisioterapia voltada à ergonomia se sobressai logo em uma primeira análise do gráfico.
Outras circunstâncias também devem ser levadas em consideração. Os servidores públicos estaduais ou municipais, são os mais bem pagos de todo o Brasil. A presença de 4 instituições de ensino superior privada e 1 pública que oferecem o curso de fisioterapia, apresentam uma oportunidade a mais para aqueles que desejam enveredar pelos caminhos da docência.
Em uma rápida análise, temos a certeza da existência de inúmeras possibilidades de trabalho em Manaus. Mas como chegar até ela?
Para tentar responder ou ao menos elucidar esta questão, faço uso novamente da pesquisa realizada e citada anteriormente.
No Gráfico 2, notamos infelizmente que pelo menos 46% dos entrevistados não têm a mínima idéia do porque escolheram a fisioterapia por profissão. Se projetarmos este dado estatístico para Manaus e pela possibilidade que tenho por ser docente e portanto, estar em contato direto com os futuros profissionais, creio que este valor certamente subiria.
Gráfico 1- Concentração de fisioterapeutas. Gráfico 2 – Motivo do ingresso na faculdade
Fonte: FisioBrasil, 2008 Fonte: FisioBrasil, 2008


Ainda nesta pesquisa são apresentados outros dados preocupantes. 80% dos entrevistados afirmam não estarem contentes com a sua remuneração atual.
Uma coisa óbvia é que a satisfação com a profissão está diretamente ligada à vocação profissional e indiretamente com a remuneração. A equação é simples:

Vocação profissional + Satisfação profissional = Maior Remuneração


Normalmente é assim que as coisas funcionam, mas nem sempre... Dificilmente um profissional será bem sucedido se primeiro, não sabe por que exerce determinada profissão e segundo se espera montantes exorbitantes de dinheiro se não tiver vocação para lidar com os altos e baixos característicos de toda e qualquer profissão.
Um erro crasso que muitos cometem e que depois se transforma em frustração, reside no fato de que dormem sobre uma ingênua esperança que quando formados, como em um passe de mágica, se tornarão bem sucedidos e ganharão grandes somas de capital.
As coisas não funcionam desta maneira e quanto antes o futuro profissional lidar com esta amarga realidade, tanto melhor para ele. A subida é árdua e morosa.
Vale lembrar que mesmo depois de formado é interessante passar um período realizando estágio remunerado ou não em instituições/fundações de prestígio e renome em Manaus, com profissionais gabaritados e conceituados e que não faltam estas duas categorias em nossa cidade.
Experiência e conhecimento são fundamentais para que o profissional se prepare para o mercado de trabalho. Pois infelizmente, a formação por si só não garante um lugar ao sol a ninguém, simplesmente por já não ser um diferencial buscado pelas empresas e instituições.
No entanto, a profissão cresce a passos largos e cabem aos novos e futuros profissionais, “filhos da terra”, exercer uma fisioterapia ética, fundamentada no profissionalismo e conscientes de que quanto mais disporem de conhecimento técnico-científico mais fácil será galgar os degraus do sucesso profissional.

terça-feira, 17 de março de 2009

A ventilação mecânica não é um bicho de 7 cabeças

MODOS VENTILATÓRIOS.

Assistência ventilatória pode ser entendida como a manutenção da oxigenação e/ou da ventilação dos pacientes de maneira artificial até que estes estejam capacitados a reassumi-las. Esta assistência torna-se importante para os pacientes submetidos à anestesia geral e para aqueles internados nas unidades de terapia intensiva com insuficiência respiratória.

Atualmente, a ventilação mecânica consiste em uma fonte de temor constante para quase todos graduandos de último período do curso de fisioterapia. Quase sempre encarados como “um bicho de sete cabeças” mostra-se depois de um período de estudo como um aparato simples e extremamente útil para a manutenção da vida em UTI.

Talvez o que mais impressione não consista no ventilador mecânico propriamente dito, mas sim o ambiente encontrado em UTI…

Procurarei aos poucos e com a colaboração de muitos, desmitificar esse nosso companheiro fiel na labuta dentro da unidade de tratamento intensivo.

Modo ventilatório a volume-Controlado ou Pressão-Controlada.

O Ventilador inicia e termina a inspiração de acordo com o tempo subordinado e freqüência respiratória preestabelecida, o ventilador determina o volume corrente, fluxo inspiratório e relação do tempo inspiratório e expiratório.

Ventilação Assistido-Controlada:

O início da inspiração é determinada por fluxo ou pressão negativa gerada pelo esforço do paciente. A freqüência respiratória, tempo de inspiração e expiração são vinculado ao drive do paciente. Deve se ajustar a sensibilidade que regula o nível de esforço respiratório mínimo do paciente para iniciar a inspiração 0,5 - l,0 cmH2O, quanto mais negativa a sensibilidade maior o trabalho muscular'.

Ventilação Mandatória Intermitente (IMV):

É uma combinação de ciclos espontâneos e ciclos assistidos com volume corrente previamente ajustado. Desta forma uma freqüência de suporte é utilizada em intervalos fixos, e entre esses ciclos o paciente pode respirar espontaneamente ar enriquecido com oxigênio.

Ventilação com Pressão Controlada (PCV):

Modo ventilatório em que a pressão inspiratória é previamente ajustada, bem como o tempo inspiratório e a freqüência respiratória de backup. 0 paciente ventila de modo assistido-controlado, entretanto o volume corrente não é garantido pelo ventilador.

Ventílação com Pressão de Suporte (PSV):

É uma forma de pressão positiva intermitente que é previamente ajustada e liberada a cada esforço inspiratório do paciente. É um modo de ventilação puramente espontânea, exige que o paciente tenha um bom drive respiratório. Não se ajusta a freqüência respiratória mínima e não se sabe o volume corrente. Ventilação ideal para o desmame com grande aceitação.

Ventilação Com Escape de pressão nas vias Respiratórias (APRV):

É um sistema CPAP modificado, a ventilação se da a níveis de CPAP pre determinada e adequados a melhor troca gasosa. Períodos curtos de escapes de pressão passiva e perda de CO2. O paciente pode respirar espontaneamente.

Ventilação com Pressão de Suporte e Volume Garantido (VAPSV):

Modo ventilatório com Fluxo livre e um Fluxo ñxo quadrado com volume Corrente pré- ajustado.

Ventilação de Alta Freqüência:

É uma forma de ventilação que uma cânula é inserida através do tubo endotraqueal ou da membrana cricotireoidea que libera gás enriquecido com 02 em freqüência de l00 a 350 ciclos pó minuto.

1. BARBAS, C.S.V.; ROTHMAN, A.; AMATO, M.B.P.; RODRIGUES Jr.,M. Técnicas de assistência ventilatória. In: KNOBEL, E. Condutas no paciente grave. São Paulo. Atheneu, 1994. p.312-346.

Acesse o link abaixo e assista a aula de ventilação mecânica ministrado no I Curso de ventilação mecânica da Fcecon.

http://docs.google.com/Presentation?id=dfs8b73n_220g992czgw


segunda-feira, 16 de março de 2009

O contexto atual da fisioterapia em Manaus.

Semanalmente estarei postando este artigo composto por 3 partes. Espero que gostem...

Constantemente sou abordado por ex-alunos, alunos e colegas de trabalho acerca de duas questões fundamentais:

1.      Como está o mercado de trabalho em Manaus e o que fazer para ser inserido?

2.      O que fazer para alcançar o tão almejado sucesso?

       A primeira vista, a resposta parece simples e direta, entretanto, tão logo começamos aquele velho e batido discurso sobre a necessidade de atualização constante, do relevante papel da especialização e blábláblá... Deparamos-nos com questões muito mais complexas e a angústia e incerteza se faz presente no semblante destes interlocutores.

       Uma condição que normalmente é preterida em favor de tantas outras, é o fato de que a vida profissional se inicia invariavelmente durante a graduação.

       Os preceptores, professores, orientadores e coordenadores, normalmente são o elo de ligação mais consistente e próximo destes futuros profissionais com o mercado de trabalho; e as possibilidades são imensas...

       Certamente uma formação fomentada por ensaios clínicos, publicação de artigos científicos , monitorias entre outros durante a graduação, mostram uma base de formação sólida e madura, onde aos olhos dos docentes, vale investir neste acadêmico.

       Investir? Claro, ao orientar, supervisionar e ensinar, os docentes investem tempo e dedicação no processo de formação destes.

       Confesso, porém, que muitas vezes falhamos como instrumentos facilitadores no ingresso do futuro profissional no mercado de trabalho, na medida em que viramos as costas para um futuro e potencial competidor; na mesma proporção em que falha o acadêmico em aceitar passivamente o que lhe é oferecido.

       Cabe ao docente o reconhecimento de que a competição pelo mercado de trabalho é mais do que natural, é necessária e saudável para a concretização do profissionalismo da fisioterapia enquanto profissão. E a atualização constante, o profissionalismo e a ética são pilares que cerceiam as condutas destes também. Aos discentes cabe a persistência contínua, a cobrança responsável e a clareza de que conhecimento e experiência são bens inestimáveis.

       No que tange as especializações, existe um contra-senso no que se refere cursar as pós-graduações oferecidas por instituições locais versus cursar em outras regiões e em instituições bem conceituadas fora de Manaus. Ora, uma vez que a fisioterapia em Manaus se mostra em vertiginoso crescimento, e pela quantidade de bons docentes e profissionais presentes na cidade, é incompreensível que o futuro especialista prefira deslocar-se para outras regiões para cursar o mesmo que ele cursaria aqui em sua cidade.

       É uma forma mesmo que inconsciente, de corroborar com a antiga e provinciana idéia de que os profissionais de fora são superiores aos que exercem suas atividades aqui em Manaus. Isso não é verdade. A fisioterapia é uma só e há tempos o fluxo e migração constante de profissionais de outras regiões, embasou e garantiu uma posição satisfatória da fisioterapia enquanto profissão da saúde em Manaus.

       No entanto, entendo que a diversidade de experiência é válida e esta questão de cursar uma especialização em outros locais tem o seu valor.

       Uma boa saída, consiste em preferir cursar uma pós-graduação em outra instituição de Manaus que não aquela em que cursou a graduação. Vale a mesma linha de raciocínio, a diversidade de experiência e o contato com novos profissionais, docentes de outras instituições.

O site da Fisioterapia em Manaus

Vídeo da clínica de reabilitação funcional de manaus