quarta-feira, 8 de abril de 2009

A fisioterapia no combate a dor oncológica(parte I)


Comumente, na presença de dor oncológica, os pacientes reduzem a sua movimentação e sua atividade física como um todo, ocasionando um comprometimento gradual do condicionamento físico, da força muscular, da flexibilidade e da capacidade aeróbica, fatores esses que com freqüência levam o paciente à chamada síndrome da imobilização, a qual compromete a coordenação motora, reduz a amplitude de movimento articular e acarreta retrações tendíneas.

Assim como no pós-operatório, a cinesioterapia se torna um recurso de grande valia, visto que auxilia na restauração e na melhora do desempenho funcional dos segmentos acometidos, desenvolvendo propriocepção, o movimento, a força e o trofismo muscular, prevenindo a imobilidade no leito e devolvendo a amplitude de movimento articular

(Sampaio et al,1999).

Estimulação nervosa elétrica transcutânea - (TENS) e outros recursos eletroterapêuticos.

Segundo a Associação Internacional de cuidados paliativos e hospitalares, 2003(IAHPC) dentre as intervenções fisioterapêuticas para a dor, a eletroterapia traz rápidos resultados; todavia, o alívio é variável entre os pacientes. No entanto, não é possível tratar a dor oncológica apenas com a utilização de corrente analgésica, mas, de acordo com estudos, pode se diminuir de maneira significativa o uso de analgésicos e seus efeitos colaterais.

Outro estudo, utilizando TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea), verificou que o uso desta corrente diminui em até 47% o uso de morfina comparado com o TENS placebo (não ligada), ocorrendo também diminuição da percepção da dor através da Escala Análoga Visual, associada à incidência de náuseas e prurido de forma significativa (HAMZA,1999).

O que determina a percepção individual de um estímulo doloroso é a "abertura" ou "fechamento" da comporta a esses estímulos. Como a condução elétrica da TENS ocorre através das grandes fibras mielínicas, as quais são altamente sensíveis à estimulação elétrica e de condução rápida, levando rapidamente a mensagem até a medula espinhal, o TENS pode propiciar um mecanismo que mantenha o portão fechado a esses estímulos. O mecanismo pelo qual é impedido esse trânsito ocorre através das fibras nociceptivas (condutoras de dor).

De acordo com Sampaio e colaboradores, quanto mais próximo da área afetada se puder aplicar a TENS, maior será a chance de inibir os estímulos nocivos. Esse processo de redução ou minimização da transmissão da dor é conhecido como neuromodulação. Portanto, esta corrente pode ser utilizada com segurança em pacientes oncológicos, todavia deverá ser aplicada onde a sensibilidade tátil estiver preservada e a pele estiver íntegra.

A estimulação elétrica é alcançada ligando a máquina de TENS a eletrodos, na pele dos pacientes, estimulando fibras mielínicas aferentes, o que reduz o impulso dos nociceptores à medula e ao cérebro (“gatecontrol”).

Em pacientes com dor crônica, 70% respondem ao TENS, inicialmente. No entanto, apenas 30% ainda se beneficiam de sua eficácia, após um ano.

As indicações em Cuidados Paliativos são para aqueles pacientes com dor de leve a moderada intensidade, especificamente:

- dor em região de cabeça e pescoço;

- dor derivada de compressão ou invasão tumoral nervosa;

- nevralgia pós-herpética;

- dor óssea metastática

O uso da Corrente Interferencial é bem estabelecido para diminuição da dor, no entanto ainda não há consenso sobre qual variação da amplitude modulada de freqüência (AMF) é mais eficaz. Não foram encontradas diferenças na analgesia em grupos com AMF de 5, 40, 80, 120, 160, 200, 240 Hz. Talvez esta diferença esteja relacionada com as características individuais de tecidos da pele e músculos durante passagem da corrente, sendo que variações de lípides, água e íons interferem na geração da Corrente Interferencial, não sendo possível definir o quão é reprodutível o fenômeno no interior dos tecidos (JOHNSON,2003).

Outras modalidades de técnicas complementares para controle da dor podem ser utilizadas, como calor local, frio local, massagem, acupuntura e mesmo exercícios, encorajando o paciente a manter a atividade o maior tempo possível.

A acupuntura pode ser de grande ajuda em casos de dor devido a espasmo muscular, espasmo vesical e em casos de hiperestesia, disestesia e nevralgia pós-herpética, mas ainda há poucos estudos que avaliem a efetividade real desta modalidade, no controle da dor de câncer.

Fisioterapia oncológica. Daniel Xavier,2008.Portal da educação.
http://www.webartigos.com/articles/16518/1/o-papel-da-fisioterapia-no-controle-da-dor-oncologica/1.html


segunda-feira, 6 de abril de 2009

"VENTILAR É PRECISO... MOBILIZAR, TAMBÉM É PRECISO!"

Fonte.:www.mobilida defuncional. blogspot. com

"VENTILAR É PRECISO... MOBILIZAR, TAMBÉM É PRECISO!"

Nos últimos anos houve um avanço muito importante dentro da fisioterapia em terapia intensiva, entretanto muito dos métodos utilizados ainda carece de comprovação científica. Assim, resolvi realizar um paralelo temporal entre duas importantes revisões críticas da atuação da fisioterapia em U.T.I a nível mundial, bem como apontar os novos direcionamentos propostos pela Task Force on Physiotherapy de 2008.
Percebe-se, que houve uma firmação do profsional fisioterapeuta dentro desta área tão restrita (UTI), antes visto apenas pelo manejo ventilatório do paciente, atualmente, o enfoque é outro, e mais importância vem sendo dada a mobilização precoce do paciente no leito, mesmo em ventilação mecânica.
Oito anos depois da Fisioterapeuta australiana K. Stiller (1) demonstrar, com um perfil critico, que apesar de compor a equipe multidisciplinar em terapia intensiva, a Fisioterapia não possuía comprovação científica de suas técnicas, a Task Force on Physiotherapy em acordo com European Respiratory Society e a European Society of Intensive Care Medicine, divulgou ainda no ano passado, uma análise sobre a nossa prática em terapia intensiva na atualidade. Oito anos depois, e o que mudou?
Não mudou muito, isso é certo, embora hoje existe uma firmação da presença do fisioterapeuta na unidade de terapia intensiva, os níveis de evidência ainda em sua grande maioria são C e D, ou seja, faltam estudos controlados e randomizados que embasem a nossa prática clínica.
Sensivelmente, nesses oito anos, a visão dos efeitos deletérios da imobilidade no leito ganharam evidência, e estão sendo mais discutidos, sendo que nesta última revisão ganhou um espaço notável2, e os aspectos referentes a mobilização precoce do paciente no leito que está sob ventilação mecânica deixou de ser um capítulo tímido e avança no sentido de ser o principal papel do fisioterapeuta em UTI.
Ainda existe uma necessidade urgente de novos estudos que devem ser realizados para justificar o papel da fisioterapia na UTI, e quatro grandes áreas foram apontadas (2): imobilidade no leito; terapia de higiene brônquica; terapia de expansão pulmonar e desmame ventilatório.

Parece existir, agora, uma outra grande diferença em termos de raciocínio:

-Estabelecimento mais preciso do diagnóstico Fisioterapêutico.
-Priorizar e definir as metas e parâmetros de tratamentos
-Substituição do uso de técnicas individuais por uma associação destas, envolvendo sobretudo os aspectos gravitacionais.
-Utilização de instrumentos validados de desempenho funcional
-Abordagem diferente para as diferentes condições clínicas ao invés de abordagens padronizadas.
-Necessidade de padronizar o processo de decisão clínica, bem como definir o perfil profissional dos fisioterapeutas na UTI.

Novas discussões que foram implementadas:

-Assegurar educação e informação ao paciente (nível D).
-Massagem como uma intervenção para ansiedade e promoção do sono (nível C).
-Terapêutica do toque em todos os tratamentos que fornecer (nível D).

Atenção especial:

-Distúrbios e complicações neuromusculares e musculosquelé tica, sendo a prevenção essencial.
-Aspectos emocionais e problemas de comunicação dos pacientes internados.

Problemas que foram identificados como alvos terapêuticos para fisioterapia:

-Fraqueza muscular
-Rigidez articular
-Retenção de secreções das vias aéreas
-Atelectasias
-Evitar a intubação e o fracasso do desmame

Como conclusão, percebe-se nesses oito anos, mais enfaticamente que outrora, que a fisioterapia pode melhorar os resultados e reduzir os riscos associados aos cuidados intensivos, bem como minimizar os custos, quando bem realizada. A falta de revisões sistemáticas para apoiar ou rejeitar fisioterapia foi reconhecido pela Task Force (2), uma vez que a maior parte das recomendações foram nível C e D. No entanto, segundo os autores, a prática em saúde baseada em evidências na UTI não é restrito as revisões e meta-análises, outras formas, incluindo peritos e provas fisiológicas, são igualmente válidas no termos de fornecer uma base para a prática e identificar áreas onde ainda é necessária maiores investigações.

REFERÊNCIAS

1. Stiller K. Physiotherapy in intensive care: towards an evidence-based practice. Chest. 2000;118(6): 1801-13.

2. Gosselink R, Bott J, Johnson M, Dean E, Nava S, Norrenberg M, Schönhofer B, Stiller K, Leur H, Vincent J. Physiotherapy for adult patients with critical illness: recommendations of the European Respiratory Society and European Society of Intensive Care Medicine Task Force on Physiotherapy for Critically Ill Patients. Intensive Care Med. 2008; 34 (7); 1188-1199.

Rodrigo Queiroz
Fisioterapeuta Graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
Fisioterapeuta Especialista em U.T.I (ATUALIZA CURSOS - Universidade Castelo Branco – SSA/RJ )

O site da Fisioterapia em Manaus

Vídeo da clínica de reabilitação funcional de manaus