Continuando a discorrer sobre o contexto da fisioterapia em Manaus discutido na parte I deste ensaio, trago alguns dados atuais para embasar nossas discussões.
Em recente publicação da Revista FisioBrasil (Ano 12, Edição n 90 de Agosto de 2008.Páginas 32-35), sobre uma pesquisa do perfil do fisioterapeuta brasileiro, trago alguns dados preocupantes e relevantes para ilustrar o que está acontecendo com a fisioterapia atualmente.
No que se refere à concentração de profissionais por regiões, notamos que nesta pesquisa, 5% dos fisioterapeutas do Brasil estão lotados na região Norte (Gráfico1). Ora, torna-se claro que o campo de trabalho em Manaus é amplo e convidativo. Pelas suas particularidades como a presença de um centro industrial consistente como o distrito industrial, a fisioterapia voltada à ergonomia se sobressai logo em uma primeira análise do gráfico.
Outras circunstâncias também devem ser levadas em consideração. Os servidores públicos estaduais ou municipais, são os mais bem pagos de todo o Brasil. A presença de 4 instituições de ensino superior privada e 1 pública que oferecem o curso de fisioterapia, apresentam uma oportunidade a mais para aqueles que desejam enveredar pelos caminhos da docência.
Em uma rápida análise, temos a certeza da existência de inúmeras possibilidades de trabalho em Manaus. Mas como chegar até ela?
Para tentar responder ou ao menos elucidar esta questão, faço uso novamente da pesquisa realizada e citada anteriormente.
No Gráfico 2, notamos infelizmente que pelo menos 46% dos entrevistados não têm a mínima idéia do porque escolheram a fisioterapia por profissão. Se projetarmos este dado estatístico para Manaus e pela possibilidade que tenho por ser docente e portanto, estar em contato direto com os futuros profissionais, creio que este valor certamente subiria.
Gráfico 1- Concentração de fisioterapeutas. Gráfico 2 – Motivo do ingresso na faculdade
Fonte: FisioBrasil, 2008 Fonte: FisioBrasil, 2008
Ainda nesta pesquisa são apresentados outros dados preocupantes. 80% dos entrevistados afirmam não estarem contentes com a sua remuneração atual.
Uma coisa óbvia é que a satisfação com a profissão está diretamente ligada à vocação profissional e indiretamente com a remuneração. A equação é simples:
Vocação profissional + Satisfação profissional = Maior Remuneração
Normalmente é assim que as coisas funcionam, mas nem sempre... Dificilmente um profissional será bem sucedido se primeiro, não sabe por que exerce determinada profissão e segundo se espera montantes exorbitantes de dinheiro se não tiver vocação para lidar com os altos e baixos característicos de toda e qualquer profissão.
Um erro crasso que muitos cometem e que depois se transforma em frustração, reside no fato de que dormem sobre uma ingênua esperança que quando formados, como em um passe de mágica, se tornarão bem sucedidos e ganharão grandes somas de capital.
As coisas não funcionam desta maneira e quanto antes o futuro profissional lidar com esta amarga realidade, tanto melhor para ele. A subida é árdua e morosa.
Vale lembrar que mesmo depois de formado é interessante passar um período realizando estágio remunerado ou não em instituições/fundações de prestígio e renome em Manaus, com profissionais gabaritados e conceituados e que não faltam estas duas categorias em nossa cidade.
Experiência e conhecimento são fundamentais para que o profissional se prepare para o mercado de trabalho. Pois infelizmente, a formação por si só não garante um lugar ao sol a ninguém, simplesmente por já não ser um diferencial buscado pelas empresas e instituições.
No entanto, a profissão cresce a passos largos e cabem aos novos e futuros profissionais, “filhos da terra”, exercer uma fisioterapia ética, fundamentada no profissionalismo e conscientes de que quanto mais disporem de conhecimento técnico-científico mais fácil será galgar os degraus do sucesso profissional.
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